Amamentação e inteligência

A amamentação sempre é assunto em alta no consultórios pediátricos. O tema é central nas primeiras consultas.

Quando ocorre o choque entre um plano de cuidado, idealizado e concebido ainda na gestação, e a dificuldade inata do ato de amamentar nos primeiros dias surge a angústia.

 

Desde 1991, a Organização Mundial de Saúde, em associação com a UNICEF, tem vindo a empreender um esforço mundial no sentido de proteger, promover e apoiar o aleitamento materno.


O leite materno previne infecções gastrointestinais, respiratórias e urinárias. Tem um efeito protetor sobre as alergias, nomeadamente as específicas para as proteínas do leite de vaca. E, a longo prazo,  tem importância na prevenção do diabetes.

 

Apesar das vantagens comprovadas científicamente, pouco mais da metade das mulheres amamentam de forma exclusiva após os 3 meses.


Quando os benefícios da amamentação não são medidos em termos de vida ou morte, ou mesmo, morbidade grave, a questão é: Como motivar as mães a iniciar e a sustentar a amamentação?

 

A ligação entre o aleitamento materno e a cognição já é debatida a muito tempo, mas o tema permanece controverso. Faltam estudos com metodologia adequada que possam comprovar essa associação.

 

No último mês, porém, um grupo de cientistas americanos da faculdade de Boston começaram a mudar um pouco essa história. Através de um estudo com 1312 mães e crianças eles forneceram evidências de que o aleitamento materno na infância leva a um melhor desenvolvimento cognitivo mais tarde na vida.


Segundo os autores do estudo  “Os nutrientes do leite materno, como alguns acidos graxos, podem beneficiar o cérebro em desenvolvimento”

 

Os resultados do estudo mostraram que a maior duração da amamentação foi associada com maior pontuação nos testes de vocabulário aos 3 anos e de Inteligência aos 7 anos.

 

Nesse estudo, as crianças cujas mães tinham alto consumo de peixe durante a lactação (maior concentração de acidos graxos – DHA) tiveram melhor desempenhos nos testes aplicados.


Estes resultados suportam as recomendações nacionais e internacionais para promover o aleitamento materno exclusivo até a idade de 6 meses e manutenção do leite materno por pelo menos 1 ano de idade .